Ao montar ou fazer manutenção no hotend da sua impressora 3D, especialmente no famoso bico Unicórnio da Creality, um detalhe técnico pode fazer toda a diferença no desempenho: a pasta térmica. Esse item, muitas vezes ignorado, é responsável por garantir a transferência eficiente de calor entre o heat break e o bloco aquecedor. Sem ela, problemas como variações de temperatura, entupimentos e falhas na extrusão se tornam comuns.
Mas eis o problema: a pasta térmica oficial da Creality, aquela que acompanha originalmente os bicos Unicórnio, está cada vez mais difícil de encontrar. Isso força muitos entusiastas da impressão 3D a buscar alternativas viáveis — o que levanta a pergunta inevitável: qual pasta térmica usar no lugar da original?

Por que a pasta térmica é essencial no bico Unicórnio?
O design do bico Unicórnio se destaca por ser compacto, leve e ter excelente controle de temperatura. Isso só é possível graças à condução eficiente do calor entre suas partes metálicas — o heat break, o bloco de aquecimento e o nozzle. E é aí que entra a pasta térmica.
Esse composto preenche as microfissuras entre os metais, eliminando pontos de ar que prejudicam a condução térmica. Sem ela, o calor não se distribui uniformemente, o que pode gerar:
- Oscilações de temperatura no hotend;
- Retrabalho por entupimentos frequentes;
- Problemas de extrusão intermitente;
- Falta de precisão na primeira camada.
A Creality utiliza uma pasta térmica própria, aplicada entre o heat break e o bloco. Essa pasta é estável a altas temperaturas, não se liquefaz facilmente e possui excelente condutividade térmica. No entanto, com a dificuldade de encontrá-la no Brasil, muitos usuários têm recorrido a soluções alternativas — com resultados variáveis.
A escassez da pasta térmica oficial da Creality no Brasil
Nos fóruns e grupos de impressão 3D, é cada vez mais comum ver relatos de quem está tentando substituir a pasta térmica do bico Unicórnio sem saber exatamente qual composto usar. A Creality não divulga publicamente qual é a formulação da pasta que utiliza, o que dificulta encontrar um substituto idêntico.
Além disso, os revendedores nacionais raramente possuem a pasta original em estoque. Quando aparece, o preço costuma ser elevado, e o frete nem sempre compensa. Alguns usuários tentam importar, mas o prazo e os impostos tornam essa alternativa pouco prática.
Por isso, entender quais características buscar numa boa pasta térmica para o hotend se torna essencial.
O que procurar em uma boa pasta térmica para impressão 3D?
Nem toda pasta térmica serve para impressoras 3D. Muitas opções do mercado são desenvolvidas para computadores, especialmente para processadores, e não resistem bem às temperaturas do hotend, que chegam facilmente a 260 °C ou mais. Então, antes de aplicar qualquer produto, verifique se ele atende aos seguintes critérios:
1. Alta condutividade térmica
O ideal é escolher pastas com condutividade térmica acima de 10 W/m·K, já que a pasta térmica original utilizada no bico Unicórnio da Creality possui cerca de 12,8 W/m·K. Isso garante uma transferência de calor rápida, estável e uniforme entre os componentes metálicos do hotend. Pastas com valores inferiores — como 4 ou 6 W/m·K — até podem funcionar, mas tendem a resultar em desempenho térmico menos eficiente e aumento no risco de entupimentos.
2. Alta resistência térmica (ponto de fusão elevado)
A pasta deve resistir a temperaturas de até 300 °C ou mais. Pastas térmicas comuns para CPUs geralmente têm limite de 150 °C a 180 °C, o que não é seguro para o hotend.
3. Estabilidade química
Ela não deve escorrer, evaporar ou se degradar com o tempo. Modelos com base em cerâmica ou silicone são mais estáveis do que os à base de óleos minerais.
Condutividade elétrica: um risco silencioso
Um erro comum ao escolher pasta térmica para hotends é focar apenas na condutividade térmica e ignorar a condutividade elétrica. O problema? Algumas pastas que conduzem muito bem o calor também conduzem eletricidade— o que, em ambientes de alta temperatura e com componentes elétricos expostos, representa um risco sério.
No bico Unicórnio, o espaço entre o bloco de aquecimento, o cartucho e o termistor é mínimo. Se a pasta escorrer ou for aplicada em excesso, pode entrar em contato com os fios ou terminais, causando:
- Curto-circuito na resistência ou termistor;
- Leitura incorreta de temperatura;
- Queima da placa-mãe da impressora;
- Em casos extremos, até riscos de incêndio.
Composições a evitar:
- Pastas à base de prata, cobre ou alumínio puro (ex: Arctic Silver 5, Coolaboratory Liquid Metal);
- Compostos com nano partículas metálicas condutivas;
- Pastas líquidas demais, que escorrem com o calor ou têm alta capilaridade.
Composições seguras:
- Pasta cerâmica não condutiva, geralmente com óxido de zinco, alumínio ou boro;
- Produtos marcados como “non-conductive” ou “electrically insulating“;
- Fórmulas com estabilidade térmica acima de 250 °C, que não escorrem nem carbonizam.
Qual Pasta Termica eu comprei?
Depois de procurar bastante, a pasta térmica escolhida foi: Nitrogen Max
Essa foi minha escolha pelo preço e as especificações que condiz com uma pasta térmica ideal para impressão 3D. Existem outras alternativas que você pode encontrar semelhantes na Amazon, mas essa foi a mais acessível. Você também pode escolher a opção de 50g.
Dicas práticas para aplicação correta da pasta
Não basta escolher a pasta certa — o modo de aplicação influencia diretamente na performance do hotend. A regra de ouro é: menos é mais.
- Use uma camada fina e uniforme;
- Evite excessos, que podem escorrer ou formar bolhas;
- Reaplique sempre que desmontar o bloco aquecedor;
- Atenção à limpeza: resíduos de pasta velha podem comprometer a transferência de calor.
Muitos usuários também aproveitam para combinar o uso de thermal pads (almofadas térmicas) com a pasta, especialmente em áreas onde o contato não é tão direto. Mas para o bico Unicórnio, o ideal é a pasta mesmo — que entra entre o bloco e o heat break, e também entre o bloco e o nozzle (quando possível).